TOCA DO CINÉFILO - MICHEL SIMÕES

Dos filmes nacionais esperados de 2014.  A cinebiografia de Paulo Coelho, Não Pare na Pista, se concentra (principalmente) na juventude e na fase atual do escritor brasileiro mais famoso do mundo. Eis seu grande erro. Uma história de vida tão rica acaba servindo ao ego de Paulo Coelho, uma imensa vontade de se colocar como um aventureiro, que está buscando algo mais em sua vida atual. A concentração no período jovem permite mostrar a difícil relação com o pai, o quanto ele teve que batalhar para seguir sua vida de escritor. Com menor espaço fica sua relação com Raul Seixas, parceiro de letras por anos do “maluco beleza”, e também entender melhor as influências que marcaram sua vida de escritor. O filme é quase um joguete na mão de alguém que pretende vender o hoje, quando o interessante foi o ontem e o anteontem.

Grata surpresa é o leve e divertido Chef. Todo conectado com o mundo moderno de chefs de cozinha celebridades e a influencia das redes sociais, o diretor Jon Favreau (dos 2 primeiros Homem de Ferro) se diverte com sua turma de amigos. Rápidas participações de gente como Robert Downey Jr, Dustin Hoffman e Scarlett Johansson, enquanto o próprio diretor faz o papel de um chef que perde os limites, e seu vídeo-chilique vai parar no Youtube. Parte para nova vida num desses trailers de comida, onde pode reconquistar sua confiança e rever sua relação com seu filho. Com presença constante do Twitter e das influências latinas, Chef cai como uma luva de quem quer se divertir com cinema.

O brasileiro O Lobo Atrás da Porta é suspense típico, coisa rara no cinema brasileiro. Uma criança sequestrada numa escola de periferia do Rio de Janeiro. Na delegacia, pais e suspeita prestando depoimentos contraditórios, nas ruas a polícia investiga pistas e envolvidos. Os depoimentos servem como start para os flashbacks, que trazem à tona casos extra-conjugais, a relação marido-mulher, e o grau de obsessão de uma paixão. O triângulo é formado por Leandra Leal, Milhem Cortaz e Fabiula Nascimento. O final destoa um pouco, o clímax do mistério se dissipa numa conclusão que mais parece caso psiquiátrico. Ainda assim é eletrizante, brasileiríssimo, e hilário nas aparições do policial Juliano Cazarré nos interrogatórios.